O CRIADO E A MENINA




O treinador Micael, talvez cada vez mais percebido como um mero executante da direcção do futebol feminino, voltou a tomar decisões difíceis de compreender num jogo de máxima exigência.

Carolina Santiago no banco em favor de Flor Bonsegundo?

Érica Cancelinha, que desde 19 de Setembro apenas fora titular uma vez, e frente a uma equipa da 3.ª divisão, regressou ao onze inicial num dérbi decisivo. Sem surpresa, acusou a falta de ritmo competitivo e acabou retirada, confirmando os receios de quem questionou o critério da escolha.

Ainda mais difícil de justificar foi a opção por deixar Cláudia Neto, a melhor jogadora do Sporting, no banco durante mais de uma hora. Em seu detrimento, iniciou a partida Brenda Pérez, a diminuta (mas popularíssima) jogadora cuja experiência não se tem traduzido em impacto nos jogos grandes: 3 golos em 18 dérbis frente ao Benfica expressam-no com clareza.

A decisão mais reveladora, contudo, surgiu aos 77 minutos. Para corrigir uma aposta falhada ne emugrecida Cancelinha, Micael lança em campo uma jogadora com utilização residual na época,  presença que simboliza possivelmente mais do que uma opção técnica: representa quiçá uma aparente influência directa da Direcção de Futebol nas escolhas do dia-a-dia.

No final, o quadro fecha-se com coerência interna: não foi uma internacional, nem uma das figuras do plantel a dar a cara perante a imprensa. Foi precisamente essa jogadora, com apenas 107 minutos (de 1530 possíveis) disputados em toda a temporada, ausente da Selecção há quase uma década, mas distinguida na pré-época com a braçadeira de capitã e que viu o seu vínculo laboral ser renovado, apesar de ter sido apenas a 21.ª mais utilizada na época transacta.

Perante este contexto, a pergunta impõe-se: qual é, afinal, o grau de autonomia do treinador? Será um mero "criado" que protege e promove a "menina" de quem dá ordens?

Estaremos perante um modelo de gestão onde a direcção decide, o banco executa e o projecto se subordina a nepotismos e a lealdades internas que em nada beneficiam a instituição?

No futebol, como na vida, quando a hierarquia deixa de servir o mérito, o resultado é quase sempre o mesmo. Um de mediocridade!

A.C.F.

21/12/2025 


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